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segunda-feira, 12 de setembro de 2016

As drogas e a morte aos 19 anos: uma carta ao meu pai

Fumando maconhaPai,

Acho que neste mundo ninguém chegou a descrever o seu próprio cemitério. Não sei como o meu pai vai recebê-lo. Mas preciso de todas as minhas forças enquanto é tempo. Sinto muito, meu pai; acho que este diálogo é o último que tenho com o senhor. Sinto muito mesmo.

Sabe, pai… Está em tempo do senhor saber a verdade que nunca suspeitou. Vou ser breve e claro. A DROGA ME MATOU, pai.

Conheci meus assassinos aos 15 para 16 anos de idade. Sabe como nós conhecemos isto? Através de um cidadão elegantemente vestido, bem elegante mesmo e bem falante, que nos apresentou o nosso futuro assassino.

Eu tentei, tentei mesmo recusar, mas o cidadão mexeu com o meu brio dizendo que eu não era homem. Não preciso dizer mais nada, não é?

No começo foram as tonturas, depois o devaneio, depois a escuridão. Não fazia nada sem que a droga estivesse presente. Depois veio a falta de ar, medo, alucinações, depois euforia novamente. Eu sentia mais do que as outras pessoas, e a droga, minha amiga inesquecível, sorria, sorria…


Sabe, pai, a gente, quando começa, acha tudo ridículo e muito engraçado. Até Deus eu achava ridículo. Hoje, neste hospital, eu reconheço que Deus é o Ser mais importante. Eu sei que, sem a ajuda dele, eu não estaria escrevendo o que estou.

Pai, o senhor pode não acreditar, mas a vida de um dependente é terrível, a gente se sente dilacerado por dentro. É terrível e todo jovem deve saber disso para não entrar nessa. Eu não posso mais dar nem três passos sem me cansar. Os médicos dizem que eu vou ficar curado, mas, quando saem do quarto, balançam a cabeça.

Pai… eu só tenho 19 anos e sei que não tenho a menor chance de viver. É muito tarde para mim, mas, para o senhor, pai, tenho um único pedido a fazer: diga a todos os jovens que o senhor conhece e mostre a eles esta carta, diga a eles que em cada porta de escola, em cada cursinho, em cada faculdade, em qualquer lugar, há sempre um homem bem vestido, bem falante, que vai mostrar para eles o seu futuro assassino, o destruidor da sua vida, que levará à loucura e à morte como aconteceu comigo. Por favor, faça isso, meu pai, antes que seja tarde demais para eles também. Me perdoe, meu pai… Já sofri demais. Me perdoe por fazê-lo sofrer também com as minhas loucuras. Adeus, meu pai.

* * *

Mesmo que o seu filho esteja numa situação como esta, não desista jamais. Ame-o com amor maior ainda, pois o amor é mais forte que a própria morte. Mais do que nunca o seu filho vai precisar de você como pai ou como mãe. Ajude-o a se tratar, acompanhe-o onde for preciso. Lute para salvar esta vida que você pôs no mundo. Ajude-o a se ajudar. E peça a ajuda de Deus para ele e para você.

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A partir do livro “Família, Santuário da Vida“, do Prof. Felipe Aquino

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