Padre Zezinho, SCJ
Não faz muito tempo, um pregador razoavelmente bem informado,
confundiu alhos com bugalhos, coisa que eu também já fiz, mas tenho
feito bem menos, porque levo comigo uma Bíblia e uma concordância de
textos que consulto antes de começar uma transmissão.
Qual o erro? Disse que o centurião romano pediu a Jesus que curasse
sua filha. E narrou toda a história, aliás, tocante, confundindo o
centurião romano que pedia por seu servo (Mt 8,5-13)com Jairo o chefe da
sinagoga que pedia por sua filha. ( Mc 5,22; Mt 9,18-23) Trocou o
centurião romano por Jairo, o chefe da sinagoga. Lucas no capítulo 7,
1-16 diz que o centurião romano citado em Mt 8,5-13) até construíra uma
sinagoga para os judeus. Era, pois, um romano que amava os judeus.
O pregador com toda a boa fé confundiu os episódios. Aconteceu com
ele, já aconteceu comigo e acontece com freqüência em todas as igrejas.
Mas acontecerá menos se antes de subirmos ao púlpito sabendo qual será o
tema, lermos outra vez as passagens que citaremos.
Há casos bem mais notórios como o daquele pastor pentecostal que
disse que os cristãos enviaram Pedro, Paulo e Barnabé para a Samaria. Na
verdade os enviados foram Pedro e João (At 8,14)…. Paulo e Barnabé
foram enviados a Jerusalém. (At 15,2) Não menos grave foi o do padre
católico que afirmou com absoluta convicção que Paulo fora discípulo de
José de Arimatéia. Na verdade Paulo afirma ter sido criado aos pés de
Gamaliel.( At 22,3) E houve aquele pregador leigo que garantiu que
Jesus batizou milhares de judeus. Não deve ter lido João 4,2 que
afirma que Jesus pessoalmente não batizava. Quem o fazia eram seus
discípulos.
É desculpável quando não fere nenhum dogma. Mas quando alguém afoito
afirma que Jesus conversou com Lúcifer e o expulsou daquele possesso e
que Lúcifer precipitou aqueles porcos ao mar; quando o outro diz que
Jesus nasceu numa humilde casa em Nazaré e quando outro afirma que, na
última ceia, Jesus cortou seu dedo indicador com o qual tantas vezes
apontara para o céu e deixou cair uma gota de seu precioso sangue no
cálice, então estamos mais para Dan Brown do que para Mateus ou Marcos…
Padres, leigos, irmãos que pregam em todas as igrejas, -e eu me
incluo entre os admoestados-, deveríamos anotar os textos que
pretendemos citar. Pode haver e há alguns pregadores que realmente sabem
de cor e salteado os trechos bíblicos, mas a maioria não tem memória
tão prodigiosa. Não é nada agradável falar como quem sabe e mostrar que
não sabia!
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