O número de ateus também vem
crescendo devido ao surgimento de entidades organizadas que reúnem
pessoas que não creem em Deus ou qualquer outra entidade religiosa.
O 2º Encontro Nacional de Ateus foi realizado no último mês de
fevereiro, numa parceria entre associações que reúnem ateus e
agnósticos. O evento foi realizado simultaneamente em 28 cidades
espalhadas em 25 estados, e contou com palestras e transmissão ao vivo
das discussões.
Na maior cidade do país, o evento reuniu 750 pessoas, mais que o
dobro da primeira edição, segundo informações da BBC Brasil. O evento
paulista promoveu discussões sobre a presença do ateísmo na filosofia
francesa, além de debates sobre o Estado laico, e contou com a presença
de Jefferson Aparecido Dias, procurador regional dos direitos do
cidadão.
Dias é conhecido no meio evangélico por ter iniciado um processo
contra o pastor Silas Malafaia, acusando-o de homofobia por criticar o
uso de símbolos católicos em posições homoeróticas durante a Parada Gay
de 2011.
O presidente da Sociedade Racionalista, uma das entidades
organizadoras do evento, afirmou que o Encontro surgiu com a proposta de
ser uma festa, e logo cresceu: “Num primeiro momento, não estávamos tão
interessados em promover discussões mais profundas. Foi uma coisa bem
mais informal, no Parque Ibirapuera. Mas ao longo desse ano, alguns
temas surgiram com mais força e se tornaram mais relevantes, como a
defesa do Estado laico. Vemos a bancada evangélica tentando barrar
discussões importantes na nossa sociedade de um ponto de vista religioso
e achamos que isso é perigoso”, disse Diego Lakatos.
Já o presidente da ATEA, maior entidade agregadora de ateus do
Brasil, Daniel Sottomaior, revelou que o crescimento do movimento ateu
no Brasil é uma tentativa de “fazer com que o Brasil, 120 anos depois da
proclamação da República, se torne (de fato em) um Estado laico”.
Ele ressalta porém que não é simples reunir ateus numa entidade:
“Grande parte dos ateus tem uma independência intelectual tão forte que
acaba sendo contraproducente a eles mesmos. Eu entendo que lutar contra o
preconceito e a favor da laicidade deveriam ser causas caras não só aos
ateus, mas a toda a sociedade”.
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